24/04/1977

Nascia esta menina que sou eu!

Ao colo do meu avô materno que faleceu poucos meses depois...

Fora cá dentro...

Já há algumas semanas que o pai lhes dizia que íamos passar a Páscoa numa casa de madeira. Eles que andam numa de ver tudo o que é dvd da série, começaram a dizer a toda a gente que iam para a casa do Tom Sawyer.
Na 6ª Feira lá partimos rumo à nossa aventura.
Ficámos a conhecer um pouco mais da Costa Alentejana e adorámos. Não gostámos do vento... mas, gostámos das paisagens, da gente e dos petiscos! Aí os petiscos...e os pequenos almoços com torradas de pão alentejano...
Também fomos até Sagres a pontinha deste nosso país e ainda almoçámos no frango da Guia.
Mas, o que eles queriam mesmo era estar na casa de madeira. Pela primeira vez ficámos num bungalow o que foi uma verdadeira aventura para eles.
E ainda fizemos uma caça ao tesouro, que é como quem diz caça aos coelhos da Páscoa.
Foram só 3 dias mas, renovaram-se energias e ficou a vontade de repetir.

Feliz Páscoa!

Nós vamos 3 dias para a casa do Tom Sawyer ou será mais a... do Huck.

Love

(Foto Retirada)

É irresistível se os tenho mesmo ali ao meu alcance não paro de os encher de beijos e abracinhos!...
O mais velho não acha muita piada principalmente se tivermos assistência. Quando me despeço dele na escola certifica-se que ninguém está a ver e mesmo assim despacha-me com um: "já chega, mãe!" Ok, sou mesmo melga... já o mais novo alinha nas minhas beijoquices...

We are the charilas...

O termo charila começou a fazer parte da minha vida quando nasceu o meu irmão. Era assim que carinhosamente o tratava: "meu puto charila". Ter um "puto" lá em casa era absoluta novidade e uma alegria, também. Duas filhas depois os meus pais conseguiram o tão desejado Luís Filipe. Eu e a minha irmã fomos - Luís Filipe - até nascer.

É, também, o meu (filho)-irmão, já que temos quase 15 anos de diferença. Ele foi o meu primeiro "filho". Troquei fraldas, dei biberão, papas, sopas, adormeci, vesti, cuidei quando estava doente. Adoro-o.

Casei quando ele tinha 8 anos. Nesse dia de manhã ele fechou-se na casa de banho e só se ouvia-a o secador. Saiu de lá com um risco ao meio todo torto. O que foi uma proeza pois, o cabelo dele não devia ter mais de 1 cm de comprimento. Ele queria algo diferente e especial para aquele dia e...conseguiu. Com o cunhado ganhou um irmão mais velho já que o conhece desde os 2 anos e acaba por lhe confidenciar mais coisas que a mim que sou irmã mas, sou gaja.

Passa muitos fins de semana connosco, agora menos pois tem namorada.

Ainda hoje o trato assim, os e-mails para ele começam sempre por: Olá charila ou Olá meu amor. É provável que já não ache muita piada mas, se calhar nunca teve coragem de me dizer...

Volta e meia os meus rebentos também são tratados por charila mas, o oficial é mesmo o tio.

Quero decorar...

A expressão e a respiração tranquila que embala doces sonhos...
As faces rosadas...
O hálito e o cheiro doce da pele morna ao acordar...
A sensação de vos abraçar...
Os beijos que vos dou...e os que vos roubo também...
Mãos pequenas que me afagam o rosto...
O bracinho que dorme em cima do meu pescoço...
O amor puro no vosso olhar...
A voz pequenina que me chama: mãe...mamã...
As palavras que são só vossas...não corrijo todas, algumas quero que durem só mais um bocadinho...
As roupas e os sapatos pequenos...
O vosso peso nos meus braços, no meu colo...
Os pezinhos que gosto de beijar...
Sentir o cheiro do cabelo que me deleita o sono...
O sabor das lágrimas que enxugo com beijinhos...
O sorriso de dentes de leite...
As conversas só nossas...
Os narizinhos redondos, arrebitados e pequeninos...
As mãos sapudas e os dedos redondinhos...
As pernas rechonchudas...
Dar-vos a comida à boca quando a preguiça bate à porta...
Os brinquedos espalhados pela casa...
As flores do campo que me oferecem...

Porque crescem tão depressa...

Olhos de azeitona

O meu pai herdou do meu avó, eu e os meus irmãos herdamos do meu pai e o Rodrigo herdou de mim e os dele são maiores, mais vivos, com mais luz. Tão escuros que mal se distingue a pupila da íris.

Do vendaval do fim-de-semana...

Depois de ter acomodado as criancinhas no banco de trás do carro, abro a minha porta, e enquanto me preparava para sentar levo com a porta em cheio na cabeça.

Depois do milhão de palavras obscenas que proferi em pensamento, (na realidade acho que ainda sussurei duas ou três...), pensei:

"Espero que ninguém tenha visto."