Filhos e Companhia

O presente, um pedacinho do passado, os sonhos e desejos do futuro de uma família em crescimento...

1/25/2006

A Primeira Gravidez


Depois de um ano de casamento, decidimos que não fazia sentido adiar mais a nossa vontade de ser pais...

A meio do primeiro mês de "treinos" comecei com uns sintomas estranhos, algumas vertigens, umas ligeiras náuseas quando me deitava...

Quando o ciclo chegou ao fim, durante o dia e cada vez que falavamos ao telefone, a pergunta era sempre a mesma: "Então, temos novidades?!".

No final de um dia de trabalho, quando estava com dois dias de falta, não resisti, fui até à farmácia para fazer um teste de gravidez. Nos minutos em que esperei pelo resultado parecia que o meu coração ia sair disparado pela boca...Até que o farmacêutico chegou e perguntou: "já tem bebés?" e eu respondi: "Não, porquê vou ter?", a resposta foi: "Tudo indica que sim, o resultado é positivo e não existem falsos positivos!".

Fiquei tão, tão feliz que só me apetecia gritar: "Vou ter um bebé, vou ter um filho!" Era o concretizar daquilo que eu mais desejava na vida!

Não podia dar a notícia ao futuro pai de qualquer maneira. Comprei umas botinhas para recém-nascido e junto coloquei o teste de gravidez, que entreguei assim que cheguei a casa.

Na primeira ecografia às 7 semanas, ainda não se via embrião, apenas o saco vitelino. O médico alertou para a possibilidade de a gravidez não ser evolutiva e sugeriu que repetisse a eco daí a 2 semanas...Senti o chão fugir debaixo dos meus pés...Queria agarrar com toda a força a esperança de estar com menos tempo de gravidez mas no fundo, sabia que o desfecho não seria o que desejava.

Às 8 semanas comecei a perder algum sangue, fomos até às urgências de obstetrícia do hospital. Na sala de espera, lembro-me de ver algumas barriguinhas grandes, lindas, redondas, enquanto a esperança da minha se tornar assim daí a algum tempo se perdia...Quando a médica me observou e fez a eco, confirmou o que mais temia. Disse tudo da forma mais mecânica possível, sem olhar nos olhos, desvalorizando tudo o que pudesse estar a sentir naquele momento...E naquele momento, senti que o meu mundo desabava.
Durante 4 semanas tinha acalentado um sonho e dirigia tudo o que existe de mais puro para esse sonho, amor, esperança...E de repente, tudo acabava, sem que eu pudesse fazer algo para impedir...O calor do cor de rosa e azul bebé das últimas semanas, dava lugar ao frio do negro e cinzento, apesar de estarmos na altura de Natal.

Apetecia-me abraçar alguém e chorar até a dor desaparecer, mas nunca o fiz...No dia a seguir fui trabalhar, ninguém sabia sequer que estava grávida, menos ainda que acabara de perder um bebé. Cara lavada, ria quando me apetecia chorar, e tentava enganar-me a mim mesma.

A nível físico o processo foi simples, o meu organismo expulsou naturalmente, mas durante 3 semanas o sangue que perdia tornava mais viva a dor do meu coração...

As poucas pessoas que sabiam, desvalorizavam. "24 anos?! Ainda és nova, não tarda, logo tens um bebé!". E no fundo eu, pensava que nunca seria capaz de ter o meu bebé...

Os 3 meses de espera até voltar a tentar foram amargos e vazios, mas felizmente ao final de 4 meses o meu Sol voltou a brilhar!

Hoje, acredito que aquele bebé não se perdeu, apenas nasceu mais tarde! Hoje, e passado 4 anos a ferida cicatrizou, se não por completo, quase!

6 Comentários:

  • Às 10:12 da manhã , Blogger Flores disse...

    Superamos a dor, mas nunca esquecemos, não é?

    Um beijo doce

     
  • Às 10:47 da manhã , Blogger LP disse...

    Beijinhos querida!

     
  • Às 12:21 da tarde , Blogger Jolie disse...

    Tudo tem o seu tempo... ontem assisti a um caso igual ao que acabaste de descrever e essa frieza nas palavras também a ouvi...

    Uma beijoca

     
  • Às 6:54 da manhã , Blogger Smas disse...

    Que palavras lindas e que dor tão sentida que até eu senti.
    Bjs

     
  • Às 4:08 da tarde , Blogger XanaA. disse...

    E agora tens dois filhotes lindos! :)

    Deve ter sido uma altura muito complicada e muito marcante quando a primeira gravidez não evoluiu, mas parece-me que aprendeste a encarar a situação da melhor forma: o bebé não se perdeu, apenas chegou mais tarde.

    No início da gravidez da M. também houve a possibilidade de haver complicações, pois tive algumas hemorragias, embora ligeiras. Depois passaram e o resto da gravidez correu muito bem.

    Beijos grandes!

     
  • Às 11:48 da tarde , Blogger barbarayu disse...

    OLá amiga!

    Tu bem sabes que temos uma história em comum... mas também temos ambas dois filhos lindos :)

    No dia 25 deste mês fez um ano que abortei e... a vida continuou e o meu bebé nasceu dois meses mais tarde :)

    Um abraço muito apertado!!

     

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