Quase a chegar às 40 semanas, o Henrique não mostrava muita vontade de conhecer a sua mãe por fora, o pai e o mano...À excepção de umas leves contracções, uma dor estranha e aguda que me prendia os movimentos das pernas, nada!...
Até que no dia 31 de Setembro quando me preparava para levar o mano ao colégio, reparei que estava a perder o rolhão, nada de especial, pensei, do Rodrigo comecei a perder às 36 e ele só nasceu às 39 semanas. Nessa manhã, assisti à 1ª aula de natação do Rodrigo, babei com o seu sorriso e registei-o em fotos.
Passei a tarde a arrumar o que estava arrumado, troquei a cama do Rodrigo, limpei o que estava limpo e finalmente fui buscar o Rodrigo ao colégio.
Para além do rolhão ia perdendo um pouquinho de liquído, mas muito pouco.
Depois de alguma insistência da futura tia, lá decidi que no final do dia ia até à maternidade...
O pai chegou, fomos jantar fora.
O Rodrigo foi todo contente dormir com a madrinha e o primo e eu tentava conter a vontade de o abraçar com força e controlar o nó que me apertava a garganta e quase me inundava os olhos de lágrimas...Disfarcei bem e acho que ninguém percebeu...
Eram sensivelmente 21.00 h quando chegamos à maternidade, não entramos logo, apetecia-me andar bastante, afinal as contracções eram ainda muito fracas...Andámos (eu e o pai), à volta dos pavilhões da Estefânia, cerca de uma hora falávamos e riamos, até que lá resolvemos entrar e fazer a inscrição. Fui observada, estava com 3 dedos de dilatação, preparam-me, e lá subimos até ao bloco de partos.
Colocaram o soro e perguntaram se queria epidural, disse que não. Uma enfermeira insistia: "Não quer epidural porquê? Depois vai querer e já será tarde"...
A dilatação seguia lenta, cerca de 1cm de 2 em 2 horas. A conversa com o pai foi esmorecendo à medida que as horas passavam e às tantas, já dormia eu e o pai todo torto.
Às 6.00 h da manhã, o enfermeiro informou que iriam administrar ocitocina para acelerar a dilatção e todo o processo de parto e aí decidi que se ainda fosse possível queria epidural, a ocitocina provoca contracçoes muito fortes...Ainda estava a tempo e administraram epidural. Cerca das 8.00 h comecei a sentir a cabeça do meu bebé a pressionar bastante no fundo, toquei a campainha e logo apareceu a médica para a qual a obstetra que me assistiu na gravidez me recomendou para consulta de referência e me transmitia por isso bastante confiança...A médica confirmou que era a cabecinha do bebé e que estava finalmente na hora!
Fiz força 3 ou 4 vezes sem qualquer resultado, o bebé estava "preso" no osso pélvico, até que a médica pediu os forcéps à enfermeira e eu quase entrei em desespero. O enfermeiro que estava à minha cabeceira, resolveu fazer uma última tentativa e enquanto eu fazia força, pressionou sábiamente o braço sobre a minha barriga e o meu bebé começou finalmente a passar... mais 3 puchões e tinha uns pezinhos lindos à frente do meu nariz e aí já não fui capaz de me conter e ás lágrimas surgiram...Não chorei de dor, nem de alívio, chorei de emoção e felicidade!
Mostraram o meu bebé, mas muito de fugida. Fizeram a recolha de células e lá me levaram para o recobro, onde comi com grande satisfação um pão-de-Deus, tão duro que se acertasse na cabeça de alguém certamente causaria danos, um pacote de leite e um pacote de bolachas...
Finalmente deram-me o meu bebé para que o amamentasse, à semelhança do irmão, parecia já ter muita experiência no assunto e "pegou" imediatamente! E eu aproveitei para o "namorar",lindo o meu menino, era tudo o que eu tinha sonhado, desejado e muito mais!...
À tarde tive muitas visitas, mas a mais ansiada foi sem dúvida a do meu filhote grande... Ficou um pouco surprendido de me ver ali, no primeiro instante pareceu não associar o bebé que dormia no berço, ao mano que estava na barriga da mãe, e isso só aconteceu quando lhe o colocamos ao colo...
Acabei por levar epidural, os forcéps acabaram por não ser utilizados, e apesar de ter sido necessário episiostomia, está foi bem pequena e cicatrizou rápidamente. A médica foi excepcional, bem como toda a equipa e o "tal" enfermeiro merece a minha gratidão eterna apesar de não ter tido oportunidade de lhe dizer...